Embora o seu nome não tenha sido citado oficialmente na entrevista coletiva dos delegados da PF que coordenaram os trabalhos, o deputado estadual Abelardo Camarinha em entrevista exclusiva ao portal Visão Notícias.com criticou duramente o excesso que teria sido praticado pela Polícia Federal durante a operação Miragem contra o grupo de comunicação Central Marília Notícias (CMN).
Camarinha disse que vai representar contra a operação.
Ele afirmou que vai levar ao conhecimento da Procuradoria e também à Corregedoria da PF porque teria ocorrido vazamento de informações. “Pessoas ficaram comentando na internet durante a semana sobre essa operação e chegaram na mesma hora aos locais onde os agentes cumpriam a operação”, afirmou Camarinha.
A assessoria de comunicação da Polícia Federal em Marília informou que os delegados responsáveis pela operação não pretendem se manifestar sobre as críticas do parlamentar.
A operação Miragem da Polícia Federal mobilizou cerca de 100 agentes federais e foi desencadeada nas cidades de Marília, Ribeirão Preto e São Paulo. O objetivo foi combater crimes como falsidade ideológica, uso de documentos falsos, sonegação fiscal, atividade de telecomunicação clandestina e evasão de divisas.
Operação da PF no grupo CMN e também em outros endereços na cidade.
Foram expedidos cinco mandados de prisão temporária e 21 de busca, autorizados pelo Tribunal Regional Federal (TRF - 3ª região). Mas, no começo da noite as prisões foram revogadas pela mesma desembargadora. Além da CMN, os agentes também estiveram na Prefeitura e em residências e escritórios de pessoas supostamente ligadas ao caso. Mas, os endereços oficialmente não foram divulgados pela PF.
Além disso, o trabalho contou com a participação da ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) que enviou uma equipe a Marília para lacrar os equipamentos e transmissores das duas emissoras do grupo CMN (Diário FM e Dirceu AM).
BARULHO E PIROTECNIA – Nesta manhã, o deputado Abelardo Camarinha (está em São Paulo) entrou em contato por telefone com a redação do portal Visão Notícias.com para se manifestar sobre a operação. Ele se diz surpreso e indignado com o que taxou de “barulho e pirotecnia” a operação da PF contra o grupo CMN.
Para ele, as informações levadas à Procuradoria da República e à desembargadora Cecília Mello, sobre fatos ocorridos em Marília, foram “superestimadas”. Tanto que à noite as prisões foram revogadas pela mesma desembargadora.
Delegados Luciano Menin e Rogério Santana Hisbek que comandaram a operação.
“É de se estranhar que a toda véspera de eleição tem esse tipo de procedimentos que atingem eleitoralmente as pessoas citadas”, afirmou Abelardo Camarinha. Lembrou ainda que somente os comitês e o escritório político do PSB foram alvo da operação.
SÓCIO DA CMN - Fez críticas também ao jornalista José Ursílio de Souza e Silva que, segundo ele, seria sócio do grupo CMN “com procuração com amplos poderes, deixou dívidas milionárias, usava sua empresa particular (Sinergia) para fazer movimentações financeiras e bancárias e é estranho que essas pessoas estariam a par antecipadamente da operação” afirmou.
VAZAMENTO DE INFORMAÇÕES – O deputado estadual denunciou que teria ocorrido “vazamento” na operação, uma vez que “adversários políticos ficaram sabendo a semana toda da operação e muitas pessoas chegaram antes da Polícia Federal nesses locais. Temos fotos disso”, afirmou. Segundo ele, prejudicando “pessoas inocentes”.
ELOGIO E CRÍTICAS - Camarinha disse que a Polícia Federal vem realizando em todo o país “um trabalho elogioso, com respeito e objetividade” no combate à corrupção. Mas, em Marília teria ocorrido vazamento antecipado para adversários e partidos ou grupos políticos. Por isso, pretende fazer uma representação à Corregedoria da PF e ao delegado-chefe da instituição.
“Se houve crimes graves porque não prendeu essas pessoas que ele relatou”, afirmou o parlamentar ao criticar mais uma vez a ação da Polícia Federal e garantir que não tem qualquer participação nesse suposto esquema que está sendo apurado na operação Miragem.
RÁDIOS LACRADAS – Com relação a lacração das emissoras de rádio Dirceu AM e Diário FM, a direção do grupo Central Marília Notícias informou nesta manhã que toda a documentação já foi protocolada junto à ANATEL e está aguardando autorização do órgão para voltarem a operar.
RESPOSTA - O Jornalista José Ursílio (foto/direita) foi procurado pelo Visão Notícias.com para se manifestar sobre as acusações. Ele enviou a seguinte mensagem:
"Fui demitido injustamente do jornal e rádios. Uma negociata milionária das empresas que eu denunciei em dezembro de 2011, com venda fraudulenta da CMN. O deputado vai ser indicado por organização criminosa e se tem provas de meu envolvimento faça como eu e vá na Polícia Federal e entregue a documentação".
Eu sou vítima, eu sou o perseguido, eu sou quem apresentou provas e documentos do esquema. Não tenho absolutamente nada a temer, inclusive como jornalista investigativo passei duas décadas mostrando o uso de “laranjas” e “testas de ferro” no controle de grande parte da mídia de Marília.
Esse processo federal vai definitivamente condenar culpados e mostrar os esquemas. Só apareceu a ponta do iceberg. Tanto assim que o deputado e seus assessores e laranjas são os réus, investigados, acusados e presos e eu sou a testemunha, aquele que conta tudo que sabe por ser alvo dos crimes cometidos por eles".
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