Nestes Jogos Olímpicos o Brasil se surpreendeu com a medalha de ouro no salto com vara masculino conquistada pelo até então pouco conhecido Thiago Braz da Silva. Ao saltar os 6,03m e cravar um novo recorde Olímpico, feito que o atletismo do Brasil não alcançava desde 1984, o atleta mariliense, que tem 22 anos, chega ao melhor momento de sua carreira até aqui.
Thiago recebe a medalha de ouro. Orgulho para Marília e todo o país.
Mas, além de transformar em herói nacional, como já era esperado também é motivo de caricaturas, mas quase sempre como forma de carinho da população brasileira.
Uma montagem que circulou as redes sociais, em que uma camiseta do Brasil com o nome do craque Neymar era riscado com o nome da atacante Marta (futebol feminino), depois substituída pela jogadora de vôlei Bárbara (também riscada após perder o ouro), agora aparece uma homenagem a Thiago: "o cara da vara".
No site oficial dos Jogos Olímpicos, a conquista de Thiago Braz também foi destaque. Enumeraram 10 fatos que levaram o atleta mariliense a conquistar o ouro: "essa conquista não foi por acaso: foram anos de treinamento, planejamento e competições", diz o texto.
Confira 10 fatos que explicam a trajetória de Thiago:
1. Acolhimento dos avós
Thiago Braz da Silva tinha apenas três anos quando foi abandonado pela mãe. O vazio que essa ausência causou foi sendo substituído pelos avós, que sempre incentivaram o garoto a seguir seu sonho – bem diferente de outros meninos da mesma idade, ser atleta do salto com vara era a sua grande obsessão, depois de se aventurar no basquete. “Eles foram os meus pais, devo tudo a eles”, disse o atleta.
Thiago com a avó que o criou.
2. Foco na família
Longe de qualquer tipo de badalação, o novo campeão Olímpico do salto com vara casou-se com apenas 21 anos de idade. Sua mulher, Ana Paula de Oliveira, é atleta do salto em altura e sua fiel escudeira.
Quando Thiago machucou o punho em 2014 ao cair fora do colchão na Diamond League, de Lausanne, foi dela o apoio decisivo. O saltador passou por cirurgia e longa recuperação. Perdeu a temporada, mas não o ano: subiu ao altar em Marília, sua cidade natal, em dezembro daquele ano. Logo na sequência, o casal se mudou de mala e cuia para a Europa.
3. Foco em Deus
Thiago sempre cita Deus em suas entrevistas, mas prefere não ser chamado de religioso. “Não gosto [de ser chamado de religioso] porque eu não pregaria aqui em nome de instituições”, esclarece antes de tudo. “Eu acredito no meu Deus, no Deus de vocês. Para mim foi ele o centro de tudo”, disse aos jornalistas na zona mista após a conquista.
“Antes da minha prova, eu fui conversar com o meu pastor, e ele me disse: ‘seu Deus vai deixar você ser campeão’. Então, no momento em que eu já estava com a prata, pensei: 'E aí, será que vai rolar mesmo de eu ser campeão? Acho que eu vou tentar.' E ganhei”.
4. Foco no trabalho
A cidade de Fórmia, na Itália, fica a 100 km ao sul da capital Roma. Lá existe um dos melhores centros de treinamento no mundo de atletismo, que tem o ucraniano Vitaly Petrov como diretor. O regime era de concentração rigorosa para melhorar os resultados já conquistados, a medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude (Cingapura 2010) e o ouro no Mundial Sub-20 (Barcelona 2012). Além de focado nos treinos, é também estudioso: já dá entrevistas em inglês e italiano.
5. Treinado pelo melhor
Ao se mudar para a Itália, Thiago passou a ser treinado pelo ucraniano Vitaly Petrov, considerado o papa do salto com vara no mundo. Petrov é um dos mentores do até hoje recordista mundial da modalidade, o também ucraniano Serguei Bubka, e também guiou a carreira da russa Yelena Isinbayeva, atual recordista mundial entre as mulheres.
6. A queda…
Não bastasse ter tido que passar por uma delicada cirurgia justamente quando estava obtendo os melhores resultados da carreira, Braz sofreu sua primeira queda sob pressão no Pan de Toronto, no ano passado. Ele errou todos os seus saltos e não medalhou. Aprendeu com a frustração.
7. …e auge nos momentos certos
“O meu treinador tem trabalhando isso comigo também há muito tempo. Ele tem me colocado para saltar em más condições para que eu possa vencer as barreiras. Tudo o que ele planejou teve um benefício, e hoje eu sou campeão”, contou após o feito sem precedentes no Brasil, justamente nos Jogos Rio 2016. O ápice perfeito.
8. Fator casa a ser favor
O rendimento de Thiago Braz no Estádio Olímpico, na grande final, inflamou a torcida. Conforme as baterias passavam e ele ia superando e aumentando a altura do sarrafo, os brasileiros se deram conta que vinha medalha. E ficaram incandescidos com isso. Ele soube canalizar muito bem toda essa energia a seu favor.
9. 6,03m
Quando viu que o francês Renaud Lavillenie cravou 5,98m, Petrov sinalizou para Thiago que aquele era o momento. Era preciso vencer o seu grande desafio profissional, jogar toda a pressão para o rival e saltar acima de 6m pela primeira vez na vida. Sarrafo nos 6,03m: ele saltou de forma simplesmente perfeita. Aumentou em 11cm sua melhor marca em pista aberta.
Thiago aguarda o fim da chuva para competir.
“É algo que eu já esperava há muito tempo, há três competições que a gente já estava tentando bater os 6m e hoje, nos Jogos Olímpicos, acho que isso é muito mais forte, muito mais surpreendente do que eu esperava também”, confessou.
10. O rival certo na hora certa
Atual campeão olímpico e campeão do mundo, o francês Renaud Lavillenie acabou sendo a cereja do croissant, quer dizer, do bolo de uma carreira extensamente planejada. Foi para não deixar dúvidas. Já havia algum tempo, o francês deixou de falar com o brasileiro, fato que ele não entende até hoje. “Já faz um ano, um ano e meio que ele já não fala direito comigo”, explicou.
“Depois que eu mudei de treinador, houve alguma coisa. Não sei mesmo o que aconteceu”, disse ainda. Se Lavillenie não quer papo com Thiago, o norte-americano Sam Hendricks, medalha de bronze, fez questão dar um forte abraço após o brasileiro superar os seis metros. “Ele é muito legal, gosto muito dele”, afirmou.
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