O Ministério Público Federal (MPF) divulgou, no site oficial, todos os detalhes e os nomes sas pessoas envolvidas na operação Reboot, realizada hoje pela Polícia Federal em Marília e mais quatro cidades sobre a denúncia de compra superfaturada de tablets para a Secretaria Municipal da Saúde de Marília. Entre os envolvidos, está o vereador Danilo Bigeschi, que era assessor especial da pasta. O vereador divulgou nota afirmando que "que desconhece qualquer irregularidade em compra de equipamentos e serviços".
Na operação, os agentes federais cumpriram 12 mandados de busca e apreensão. A PF emitiu apenas uma nota oficial sobre o caso, mas não convocou a imprensa para coletiva e nem divulgou detalhes do que foi apreendido.
Há pouco (16h30) a Prefeitura divulgou uma nova informando que desde 2017 já havia sido aberta uma sindicância para apurar o caso, a partir de denúncia do vereador Mário Coraíni Júnior.
"As eventuais irregularidades ocorreram na Administração passada e as providências foram tomadas logo no início desta administração. A Sindicância Investigativa tramita junto à Corregedoria Geral do Município e encontra-se em fase de instrução com oitiva de testemunhas e colheita de documentos", informa a assessoria. A investigação, segundo a Prefeitura, segue sob sigilo e "vem de encontro à investigação do Ministério Público Federal que visa apuração no mesmo sentido".
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Mas, o MPF, que também atuou diretamente na investigação, informou na nota que "
entre o final do ano de 2015 e o começo do ano de 2016, devido ao surto de casos de dengue que atingia Marília, dois gestores da Secretaria de Saúde, Danilo Augusto Bigeschi (servidor da secretaria e atualmente vereador na cidade) e Fernando Roberto Pastorelli, então secretário interino da Saúde, entenderam que era preciso comprar 450 tablets (microcomputadores portáteis), para utilização pelos agentes de saúde e endemia do município. Para a compra foram usados recursos provenientes do Ministério da Saúde".
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ESQUEMA DE COMPRA - Os procuradores federais relatam ainda que "o projeto para a compra dos tablets foi iniciado em março de 2016 com a cotação do preço médio por meio da apresentação de propostas de três empresas. Descobriu-se posteriormente que todas as concorrentes do pregão eram ligadas a uma só pessoa, o investigado Fauzi Fakhouri Júnior, que é cunhado de Danilo Bigeschi, idealizador do pregão. Danilo é casado com Ana Paula Fakhouri, irmã de Fakhouri Júnior".
As investigações apontaram ainda que teria ocorrido "indevida restrição ao caráter competitivo da licitação da prefeitura de Marília, com a inclusão de pré-requisitos totalmente incompatíveis com o objeto da contratação. Curiosamente, tais exigências foram preenchidas pela empresa Kao Sistemas de Telecomunicações Ltda, de propriedade de Fakhouri Júnior, declarada a vencedora da concorrência", segundo informa o MPF.
"Na licitação da Secretaria de Saúde cada tablet custou R$ 2350,00, totalizando R$ 1,057 milhão, pago pela prefeitura à Kao. Pouco tempo depois, o município pagou R$ 679,33 por tablet numa licitação realizada pela Secretaria da Educação de Marília, nas quais eram requeridas as mesmas especificações técnicas, garantia e suporte por parte da empresa fornecedora. O valor unitário da licitação na Educação foi 71,10% menor que o valor pago pela Saúde Municipal", diz a nota oficial.
OUTRAS FRAUDES
O Ministério Público Federal apurou também que, além da fraude na cotação por meio da candidatura de empresas ligadas entre si, a restrição do caráter competitivo da licitação e o superfaturamento, "as investigações descobriram outras irregularidades na compra dos tablets pela Secretaria Municipal da Saúde de Marília: a modalidade de licitação escolhida foi a menos vantajosa para o município; foram indeferidos recursos de outras empresas interessadas em participar da licitação; não foi publicado o procedimento licitatório em jornal de grande circulação na cidade, impedindo que mais munícipes tomassem conhecimento dos fatos; a Kao utilizou documento falso na licitação, uma vez que somente 22 dias após o pregão a empresa incluiu em seu objeto social que também atuava no ramo de “equipamentos de telefonia e comunicação”.
Segundo o MPF, existe ligação entre Danilo Bigeschi e o empresário Fakhouri, "inclusive que o político pode ter se beneficiado na contratação da Kao, utilizando-se de parte dos recursos envolvidos em sua campanha eleitoral para vereador em 2016. Além disso, em suas campanhas eleitorais de 2008 e 2012, Bigeschi recebeu doações de Faouzir Toufic Fakhouri, pai de Fakhouri Júnior".
OUTRO LADO

Nesta tarde, a assessoria de imprensa do vereador Danilo Bigeschi divulgou uma nota oficial em que afirma desconhecer qualquer tipo de irregularidades. Os demais envolvidos não irão se manifestar. "
Defesa se sustenta na inocência e circo em torno de uma suspeita. Quando provarem inocência vão se pronunciar", informa a assessoria.
Eis a nota de Danilo:
"O vereador Danilo Bigeschi informa que desconhece qualquer irregularidade em compra de equipamentos e serviços pela Secretaria Municipal de Saúde. Ele enfatiza ainda que nunca participou de processos licitatórios e que trabalha na secretaria há 20 anos como servidor público concursado, que possui ficha limpa, reputação ilibada e sempre se colocou à disposição da Justiça quando solicitado. Eleito pela primeira vez para vereador em 2016, ele reitera a todos que continuará trabalhando em prol da população, que repudia denúncias infundadas associadas ao seu nome e que confia na Justiça dos homens e de Deus".