por Ramon Barbosa Franco
Clint Eastwood completou nesta sexta-feira, dia 31 de maio, 89 anos de vida. Lenda viva da sétima arte, ator, diretor, compositor, pianista e produtor cinematográfico, tem lugar garantido na memória afetiva de pelo menos três gerações de fãs. Os mais antigos vão se lembrar do galã durão de filmes como ‘Perseguidor Implacável’ – trama dirigida por Don Siegel em 1971 marcando a chegada de Dirty Harry, o investigador que não levava desaforo para casa – ou ‘Rota Suicida’ – contracenando com a doce e sensual Sondra Locke – ou ainda como Frank Morris, o único homem que, ao lado de outros dois colegas de presídio, consegue escapar da temível prisão da ilha de ‘Alcatraz’.
As gerações mais novas de fãs, quando ouvem o nome Clint Eastwood, terão a imagem do diretor de filmes impactantes, como ‘Os imperdoáveis’ – onde ele aparece como um pistoleiro velho às voltas com seus próprios demônios – e ‘Menina de Ouro’ – vivendo também um personagem, desta vez um treinador de boxe que é demovido da ideia de não treinar garotas.
Mas também terão aquela imagem do setentão que, convalido pelo peso dos anos, ainda resiste e com sua caminhonete Ford e sua viuvez, mas maquinado com uma espingarda de grosso calibre, bota para correr meia dúzia de arruaceiros que pisam no seu gramado, em ‘Gran Torino’.
O talento de Clint Eastwood parece inesgotável. Seu cinema inclui, dialoga com várias frentes e agrega as minorias. Em ‘Gran Torino’ mesmo, o rabugento armado se converte em um vizinho amável com os imigrantes do lado esquerdo.
Em ‘Menina de Ouro’, por exemplo, é convencido em ajudar a garçonete que não tem mais ninguém, apenas uma família de interesseiros, a se tornar uma das principais boxeadoras de sua categoria. E não é de boxe que a trama fala. Confiram o filme e depois pensem. ‘Os imperdoáveis’ é até hoje um dos maiores westerns da história do cinema, ao lado dos clássicos de John Ford. Tanto que depois deste filme ficou difícil alguém se aventurar pelas pradarias americanas com uma ideia na cabeça e uma câmera na mão. Clint, ao longo de todas estas décadas, nunca parou de se reinventar. Atua, dirige, produz e compõe. Lança um filme por ano desde que dirigiu ‘Perversa paixão’, em 1971. Mas, como se diz, o bom aluno sempre supera o mestre.
E Clint superou quem lhe ensinou: Don Siegel, que assinou a série do detetive durão Dirty Harry e Sérgio Leone, o italiano que lançou Clint para o estrelato mundial a partir de ‘Por um punhado de dólares’ (aqui preciso fazer uma menção: me chamo Ramon justamente por conta deste filme), ‘Por um punhado de dólares a mais’ e pelo magnífico ‘Três homens em conflito’ assinam produções cinematográficas que ficaram para trás depois de Eastwood colocar literamente a mão na massa. Digo isso com todo respeito aos longas de Siegel e de Leone.
Clint não colocou o pijama. Continua na ativa. Filmou em 2018 como ator, dando vida a um idoso que na iminência de uma catástrofe financeira se vê obrigado a fazer o trabalho de ‘mula’ para o tráfico de drogas, em ‘The Mule’.
Este é o bom e velho Clint, esta lenda que se reinventa a cada ciclo, assim como as estações que temos no ano.
Ramon Barbosa Franco é jornalista e escritor, autor dos livros ‘A próxima Colombina’, ‘Getúlio Vargas, uma biografia política’ e ‘Contos do Japim’ – e-mail: ramonimprensa@gmail.com
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