Quantas vezes já ouvimos que há momentos em que é preciso dar um passo para trás para dar dois passos para frente? Foi nessa situação que a publicitária Gabriela Andrade se viu, quando, há dois meses, foi desligada, por conta da crise, da produtora onde trabalhava como executiva de atendimento. A demissão motivou Gabriela a pensar em novas alternativas de renda e na opção de abrir seu próprio negócio.
“Resolvi viajar para São Paulo, avaliar as tendências da moda, e investi 30% da minha rescisão na compra de roupas e tecidos. Voltei para Salvador e negociei com três costureiras que produziram algumas peças para mim”, conta.
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A publicitária Gabriela Andrade investiu 30% da rescisão em peças e roupas para abrir o negócio próprio |
Entre as roupas compradas e as confeccionadas, Gabriela totalizou 100 peças para vender diretamente, criando a grife feminina Srta Pimenta. “Reinvesti o lucro que obtive com a venda para produzir novas peças, que agora são desenhadas pela minha irmã, que é arquiteta”, diz. Gabriela não está só no movimento que fez, trocar o desemprego por um negócio próprio.
Registros
Segundo dados da Receita Federal, entre janeiro e outubro deste ano, foram registradas 43.319 micro e pequenas empresas na Bahia. Desse total, 39.620 registros dizem respeito aos microempreendedores individuais, como Fábio Barbosa. O aumento do número de novos negócios abertos na Bahia neste ano coincide com o crescimento da curva de desemprego no estado. Mas ter um negócio próprio nem sempre é a melhor saída para enfrentar o desemprego.
Para quem decide empreender, a palavra de ordem é planejamento. “Em primeiro lugar, é preciso driblar a ansiedade de se lançar no mercado e fazer um plano de negócios, conhecendo a área onde quer atuar, identificando o público-alvo e o mercado”, pontua Fabrício Barreto, gestor de projetos do Sebrae Bahia, que reiterou a importância de não fazer investimentos sem planejamento e de buscar o Sebrae para entender como funciona a gestão de uma micro e pequena empresa. Por conta da ausência de burocracia, a formalização como MEI é a solução mais rápida para um negócio próprio.
Assim como Gabriela, a demissão também foi o passo para trás do pesquisador Fábio Barbosa, que era terceirizado do Banco do Brasil. “Já gostava muito de gastronomia e comecei a fazer trufas para vender no banco. Com a minha saída, me inscrevi como MEI (Microempreendedor Individual) e peguei um empréstimo para produzir outros tipos de doces que eu e minha esposa, que também saiu do emprego, entregávamos de ônibus”, diz.
Em outubro do ano passado, o casal abriu a Viva La Crepe, oferecendo bufê de crepe em festas e eventos. “Hoje, vivemos exclusivamente dessa renda”, afirma Fábio, que, assim como Gabriela, é determinado e disciplinado o suficiente para diminuir o risco de insucesso de seus negócios. Ser dono de seu próprio negócio exige ainda dedicação e planejamento.
Rescisão x investimento
Utilizar as verbas rescisórias, no caso de uma demissão, para investir em um novo negócio é algo que deve ser bem pensado. “Existe a previsão de aumento do desemprego. Por conta desse cenário, a pessoa deve fazer um levantamento dos seus custos fixos para prever quanto tempo é possível ficar sem uma nova receita. Nesse planejamento deve estar previsto a quitação de dívidas, principalmente as de cartão de crédito e cheque especial”, recomenda o educador financeiro Isaias Matos.
Não havendo pendências e tendo um bom planejamento financeiro, o futuro empreendedor deve fazer um plano de negócios. “Não podemos confundir empreendedor com aventureiro, que se lança ao mercado apenas porque está com dinheiro em mãos”, reforça Matos.
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