Duas paradas cardíacas e três meses ligado a um coração artificial é parte da história de Gustavo Henrique de Oliveira, que deve completar 1 ano no próximo dia 25, à espera um transplante. “Eu tiro as minhas forças dele. Porque vejo a força que ele tem para lutar, para viver.”, diz a mãe, Luane Aparecida Barrios, que largou o emprego de recepcionista para acompanhar o filho no tratamento dos problemas cardíacos.
Gustavo tem uma dilatação no coração. As causas da doença não puderam ser determinadas. Porém, as complicações fazem com que o órgão não tenha capacidade de suprir as necessidades do corpo. Para que o bebê pudesse resistir tempo suficiente para encontrar um doador de coração compatível, foi ligado a um ventrículo artificial, aparelho que ajuda o órgão doente a fazer o bombeamento do sangue.
Foi a primeira vez que uma criança tão nova passou pelo procedimento no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Universidade São Paulo. O paciente mais jovem submetido ao procedimento até então tinha 15 anos.
O coração artificial, de tecnologia alemã, pode ser usado por muitos meses. O equipamento é controlado por um computador e fica do lado de fora do corpo do bebê. O tratamento tem, no entanto, alto custo e não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde. Cada ventrículo artificial custa certa de R$ 200 mil. Essa é uma das razões pela qual o Incor está investindo no desenvolvimento de um coração mecânico infantil com tecnologia brasileira.
O projeto começou em 2002 e, recentemente, os pesquisadores conseguiram as autorizações necessárias para fazer a aplicação clínica do sistema. As implantações pediátricas do equipamento poderão ser feitas a partir de março de 2016.
O sistema poderá ajudar a dar sobrevida às 19 crianças que atualmente esperam por um coração no Incor. Neste ano, a instituição fez 17 transplantes infantis.
Recursos como coração artificial são fundamentais para tratar os pacientes que aguardam um transplante. Nos últimos anos, a demanda por transplantes tem aumentado. Uma das razões disso são os avanços da cirurgia cardíaca, que dá sobrevida aos pacientes.
No caso de crianças, a oferta de órgãos é, ainda menor do que para adultos. Uma criança como Gustavo, que pesa 5 quilos, poderia receber um coração de um doador de até 15 quilos, ou seja, uma criança de até 2 anos.
Ao se dar conta de todas as dificuldades que o filho enfrentaria, a mãe teve dificuldade de aceitar a situação. “Hoje, estou mais conformada com o transplante. Eu sei que vai salvar a vida dele. No começo não aceitava, sofri bastante. Um ser tão pequeneninho ter que passar por tudo isso”, diz Luane Barrios.
Sobre o sistema que hoje garante a vida do filho, Luane afirmou que nunca tinha ouvido falar dele. “Esse coração artificial, eu não imaginava que e existia”, lembra a mãe, que agora passa os dias ao lado do filho.
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