CELULAR Uso excessivo de smartphones pode causar problemas graves na coluna e no pescoço

Pacientes com problemas de nevralgia occipital relatam dores fortes de cabeça (Foto: BBC)
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Os problemas de saúde causados pelo uso de smartphone e como evitá-los

Tensão muscular causada por postura indevida em uso prolongado de celulares ou tablets causa 'pescoço de texto' e até inflamação nos nervos.

O celular é quase um companheiro inseparável, visto por muitos como um bem essencial no dia a dia - mas o que muitas pessoas não sabem é que o uso excessivo deles pode causar danos ao corpo humano.

Se você sente constantes dores de cabeça, um couro cabeludo extremamente sensível ou um incômodo atrás de um olho, a culpa pode estar no uso indevido do smartphone.

Especialistas dizem que são cada vez mais comuns os casos de "text neck" - "pescoço de texto" em tradução livre -, dores na cabeça ligadas a tensões na nuca e no pescoço causadas pelo tempo inclinado em uma posição indevida para visualizar a tela do celular.

Segundo a fisioterapeuta Priya Dasoju, a "pescoço de texto" também pode levar a dores no braço e no ombro.

"O que estamos vendo são cefaleias cervicogênicas", afirmou. Ela diz que o problema vem de tanto inclinar a cabeça para frente da tela do celular, e isso cria uma pressão intensa nas partes frontais e traseiras do pescoço.

Esse problema pode se agravar e, em alguns casos, pode levar a uma condição conhecida como nevralgia occipital.

É uma condição neurológica em que os nervos occipitais – que vão do topo da medula espinhal até o couro cabeludo – ficam inflamados ou lesionados. Ela pode ser confundida com dores de cabeça ou enxaqueca.

"Cerca de 30% dos nossos pacientes que vemos têm nevralgia occipital", disse a osteopata Lola Phillips.

"Você tende a ter esse problema quando usa muito tablets, laptops ou smartphones. Você começa a sentir uma tensão na parte da frente do pescoço e uma fraqueza na parte de trás dele."

A dor pode ser intensa, como se o pescoço estivesse "queimando", e começa na base da cabeça, se estendendo por toda a parte superior, no couro cabeludo.

Geralmente, as dores começam na parte de trás da cabeça, no nervo occipital, mas às vezes elas ficam localizadas mais na parte da frente, acima dos olhos.

'Raios de dores'
Adam Clark Estes começou a sentir dores de cabeça alguns meses atrás. Segundo ele, a dor é intensa. "É como se fosse a dor de uma ressaca forte. Você sente a cabeça latejando."

"Como se alguém tivesse me golpeado na cabeça com um cano de aço quente enviando raios de dores lancinantes no crânio", conta.

Você pode sentir a dor em um dos lados da cabeça ou nos dois, e até atrás dos olhos quando movimenta o pescoço. O conselho para curar o problema é mudar de postura na hora de mexer no celular – e evitar o uso excessivo dele.

"Quem sofre disso deveria pensar em adotar posturas diferentes quando estiver usando o celular. Sentar na vertical, por exemplo, e levantar o celular ou usar um suporte para ele ficar em uma altura mais adequada", explica a osteopata Lola Phillips.

"É preciso ter mais disciplina com o uso do telefone também", reitera.

O tratamento inclui correção de postura, massagem e remédios anti-inflamatórios, mas em alguns casos é preciso tomar medidas mais drásticas.

Adam Clark Estes teve que injetar um coquetel de esteroides e outros relaxantes nos nervos ao redor do seu pescoço.

"Dói bastante. Acho que o médico me deu quase 20 injeções separadas e depois delas eu fiquei tão mole que achei que iria desmaiar."

"Depois de me recuperar, o médico me disse que me sentiria melhor em um dia – e melhorou mesmo", conta.

Médicos também podem receitar relaxantes musculares, antidepressivos.

Especialistas dizem que a prevenção é a melhor opção. Diminuir o uso de smartphones ou então posicioná-los mais próximo da altura dos olhos são boas estratégias para evitar o problema.

"Tente não manter a mesma postura por muito tempo", disse a fisioterapeuta Priya Dasoju.

"Coloque um lembrete no celular ou no computador para se certificar de que você não está na mesma posição por muitos minutos consecutivos."

Os médicos garantem que as condições causadas por uso excessivo de smartphones são apenas dolorosas, não fatais.

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