Por Daniel Alonso *
O noticiário municipal das últimas semanas anda me deixando extremamente preocupado. Noto que, de forma recorrente, as manchetes policiais predominam assustadoramente, sempre com fatos chocantes que demonstram as trágicas consequências do tráfico de drogas, da presença de armas em poder de marginais e as mortes provocadas pelo trânsito.
O trânsito vem chamando mais a minha atenção, pois compreendo que falta em Marília uma política de prevenção. No passado, e a Casa Sol, empresa que fundei há três décadas em Marília, apoiou de modo intenso, havia efetivas campanhas educativas. Viva Feliz Sem Acidentes, iniciativa com palestras e intervenções educativas, que foi coordenada por muitos anos pelo senhor Nelson Feitosa, recebeu apoio da nossa empresa e envolvia toda a nossa comunidade.
Entendo que a prevenção é primordial e o modelo adotado pelo programa Viva Feliz Sem Acidentes, que tinha na Emdurb, a Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional de Marília, a chancela de apoio municipal, poderia ser retomado pela atual administração.
Não significa que um programa lançado numa gestão anterior, ou por um grupo político que anteriormente detinha o poder, precise, necessariamente, morrer após o fim do ciclo de poder daquele grupo.
Se fosse assim, o Plano Real, originário na gestão do então presidente Itamar Franco (1930-2011) não teria frutificado nas gestões posteriores de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Quem não se lembra do programa embrionário do Bolsa Família, o Renda Cidadã, lançado ainda na década de 1990, quando o então presidente da República era o sociólogo Fernando Henrique Cardoso e que teve como pai da ideia o então senador do PT, Eduardo Suplicy?
Pois bem, o Renda Cidadã condicionava uma ajuda do Estado às famílias que mantivessem seus filhos matriculados no ensino regular. Quem não tivesse filho na escola, não era beneficiário do programa federal. O Renda Cidadã começou nos anos de FHC e ganhou corpo com as gestões de Lula e de Dilma.
Quando falamos de segurança não estamos restringindo o assunto para determinados grupos de pessoas de uma sociedade. Segurança é para todos, precisa abarcar Marília de ponta a ponta: nos quatro cantos do município.
Incluir segurança na agenda municipal é uma política de Estado, que deve ser seguida e alimentada com novos projetos, aperfeiçoadas, independente da alternância do poder municipal. O caso do desfavelamento de Marília, a obra de tratamento e afastamento de esgoto, a solidificação da qualidade do ensino municipal, todos estes assuntos são questões de Estado e não podem sofrer interrupções com eventuais trocas nos comandos.
Claro que o Estado Democrático de Direito é alicerçado na alternância do poder, mas a continuidade não quer dizer ‘continuísmo’. Continuidade é evolução.
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Daniel Alonso é empresário, diretor da Casa Sol e presidente da Federação das Associações dos Comerciantes de Materiais de Construção do Estado de São Paulo (Fecomac São Paulo).
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