Apenas 4h para retirar, transportar e transplantar o órgão
Pela primeira vez, um coração foi transportado em um voo comercial no Brasil. Na terça-feira (25), a equipe do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo, se deslocou até Presidente Prudente para fazer a retirada do órgão e o acompanhamento do transporte até a capital paulista.
O cirurgião transplantador do Incor, Ronaldo Honorato Barros dos Santos, relatou que foi avisado sobre o transplante às 5h30. Desde então, ele iniciou a comunicação com a Secretaria Estadual de Saúde, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Infraero e com as companhias de aviação.
Por ser um órgão que não suporta muito tempo fora do corpo, o coração normalmente é transportado em voo fretado, com custo de até R$ 20 mil. Entretanto, na terça-feira, não houve esta possibilidade.
“Pela primeira vez, nós vamos carregar um coração num voo de carreira. Existe um convênio do Ministério da Saúde com as empresas de aviação comercial do Brasil e essas empresas facilitam o transporte de órgãos dentro desses voos, de acordo com a disponibilidade. O caso do coração é inédito porque o coração é um órgão que tem menor tempo fora do sangue, fora do corpo, sem receber suprimento do oxigênio. Esse tempo é de quatro horas”, explicou Santos.
Transporte de Órgãos Vitais
O coração foi retirado às 13h30 e o doador foi um adolescente de 17 anos, que teve morte cerebral.
O órgão foi imerso em uma solução para conservação e colocado em uma caixa para o transporte.
"Em São Paulo, já haverá montada uma operação de guerra. O avião vai pousar e ao lado estará um helicóptero da Polícia Civil. Em cinco minutos, vou para o Instituto do Coração e lá eu faço o transplante, completando as quatro horas fora do corpo”, descreveu o médico.
“A partir do momento em que o órgão entra na aeronave, o avião tem prioridade para pousar antes de qualquer outro voo no aeroporto de Congonhas. Tudo para minimizar o tempo que esse coração está sofrendo”, frisou.
Por ser um doador jovem, ocorreu uma doação múltipla de órgãos, com o aproveitamento de rins, fígado, córneas, pele e ossos.
Doação: “A família teve a magnitude de doar todos os órgãos e tecidos para que pudéssemos usar. Eu sou apenas o responsável pela captação e pelo transplante do coração, mas há outras equipes fazendo a captação dos demais órgãos”, salientou.
“É fundamental a doação. Nada disso estaria acontecendo se não houvesse a doação. Quanto mais gente doar, maior a chance da utilização e mais oportunidades para receptores saírem da fila do transplante e do corredor da morte”, destacou.
Boeing 737, onde foi transportado o coração até a cidade de São Paulo.
Fonte: INotícias
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