No início de 2016, o professor universitário César Pereira de Lima, de 46 anos, brincava com o filho mais novo quando a criança encostou-se ao peito esquerdo dele. O homem sentiu uma dor intensa. "Nunca havia sentido nada parecido em toda a minha vida", relata.
Dias depois, ele foi ao médico, passou por exames e foi diagnosticado com câncer de mama. "Foi uma situação muito difícil. Para qualquer pessoa, descobrir essa doença é um choque. Mas para o homem, um câncer de mama é um susto maior ainda, porque a gente sempre pensa que é algo distante do público masculino", conta o professor.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 1% dos pacientes com câncer de mama são homens. Entre o público do sexo masculino, a doença é mais recorrente a partir dos 60 anos. No entanto, também há registros de pessoas mais novas.
Os sintomas: Professor universitário, Lima levava uma vida que considerava comum. Morador de Cuiabá (MT), ele dava aulas de Administração. Casado há 22 anos e pai de dois filhos, uele dividia a rotina entre o trabalho e a família.
Lima brincava de "lutinha" com o filho mais novo, quando a criança acertou a mama esquerda do pai. "Ele deu um golpe de brincadeira, bem leve, mas doeu muito", relembra.
A situação fez com que Lima se recordasse de um fato que havia notado dias antes: o mamilo esquerdo dele havia retraído sem motivos aparentes.A retração do mamilo é apontada por especialistas como sintoma de um possível câncer de mama.
O tratamento: No dia seguinte à dor intensa no peito esquerdo, Lima agendou consulta com um mastologista.
O professor fez exames que comprovaram que o nódulo em sua mama esquerda era maligno. O caroço tinha 0,4 centímetro e estava indo para o estágio dois.
Para ele, o câncer se desenvolveu em razão do estresse que enfrentava na carreira de professor. Um mês depois de descobrir a doença, o professor passou por uma cirurgia para a retirada completa da mama esquerda e de uma parte da axila. Na época, o nódulo havia evoluído para 0,6 centímetro.
"Foi um procedimento cirúrgico semelhante ao que as mulheres com a doença passam", explica o professor.
Depois do procedimento cirúrgico, Lima passou por 18 sessões de quimioterapia e por 25 procedimentos de radioterapia
O apoio da família: Desde a descoberta da doença, Lima recebeu apoio da esposa e dos filhos. Para ele, o auxílio da família e dos amigos foi fundamental. "Não tenho dúvida de que eles me ajudaram muito", conta.
Além do tratamento em um hospital particular de Cuiabá, Lima viajava com frequência para São Paulo, para consultas com especialistas em câncer de mama. Na capital paulista, conheceu outros homens que também enfrentam a doença.
Entre os colegas que conheceu, alguns estavam bem, mas havia outros que descobriram a doença tardiamente. "Um deles estava em estado terminal. Conheci também outro que morreu em pouco tempo."
Metástase: Enquanto concluía as sessões de quimioterapia, Lima passou por exames que detectaram manchas nos pulmões. Após avaliações, os médicos descobriram que se tratava de metástase do câncer de mama, ou seja, a doença havia se espalhado para os pulmões dele.
Ao encerrar o tratamento da doença na mama, ele começou a quimioterapia contra o câncer nos pulmões, diagnosticado em estágio inicial. Por ser metástase, casos considerados mais difíceis de eliminar de vez a doença, o professor deverá fazer quimioterapia por toda a vida.
Ele também faz acompanhamento constante para descobrir se a doença não avançou para outros órgãos. "Tenho consciência de que terei de fazer acompanhamento e tratamento por toda a vida, então creio que nunca poderei me considerar uma pessoa completamente curada."
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