Ele mexe apenas os olhos e é professor de faculdade

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Médico e professor, exemplo de superação a ser seguido.                                      


Um médico que só consegue mexer os olhos reencontrou a felicidade ao ser convidado para dar aulas na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), localizada na cidade de Juiz de Fora a 278 km de Belo Horizonte, MG.

 

O médico e professor Vanderlei Corradini Lima, 53 anos, é portador da esclerose lateral amiotrófica (ELA),  que ficou mundialmente conhecida depois do "desafio do balde de gelo".



"A doença me tirou muita coisa, não falo, não ando, não como, não saio de cima de uma cama, mas não tirou minha capacidade de servir e enfim ser feliz", descreveu Lima


Há três semestres, Vanderlei atua como professor convidado, no curso de medicina da universidade, e no qual interage a distância com alunos do 2º período na disciplina fisiologia médica, que aborda tópicos de neurofisiologia.



Ele usa um computador com um programa e um leitor infravermelho que captam os movimentos dos globos oculares, que não foram afetados pela doença. Por meio de um mouse e um teclado virtual ele consegue interagir com a máquina e utilizá-la normalmente.
 

Vanderlei participa dos fóruns de discussão online promovidos por meio da plataforma, tratando de aspectos práticos e psicobiossociais dos casos discutidos e responde a questionamentos feitos pelos universitários do curso.


Responsável pelo convite feito ao médico, a professora Carla Malaguti, que ministra aulas de fisiologia no curso de medicina da UFJF, disse ter visto que Lima postava mensagens nas redes sociais.

 

Assim, ela vislumbrou uma maneira de trazer a experiência do médico para seus alunos.
 

"Como ministro aulas de neurofisiologia no curso de medicina, na qual são abordados o funcionamento do sistema nervoso, bem como as disfunções neurológicas como a ELA, imaginei que com a experiência do doutor Vanderlei, enquanto médico e sua vivência como paciente vítima dessa doença, seria muito oportuno e produtivo incorporá-lo nas discussões de casos clínicos", informou.


A professora afirmou ter tido o respaldo dos diretores do curso e disse que a interação entre os alunos e Lima é um "exemplo a ser seguido".
 

Carla Malguti confidenciou que há planos de utilizar o conhecimento de Lima nos cursos de fisioterapia e psicologia.

 
"A história do doutor Vanderlei mostra como pessoas limitadas por aspectos físicos podem romper fronteiras e se manterem produtivas, pois além de poderem contribuir com a sociedade, podem também manter parte da satisfação com a vida ao se sentirem úteis", salientou.

 

Aceitação
"Minha história talvez seja diferente da maioria dos pacientes, pelo fato de ser médico, eu mesmo fiz o diagnóstico clínico, e, após a confirmação, preparei minha vida e minha família para tudo que iria enfrentar. Nessa situação é fundamental a aceitação", disse.

Escritor
Recentemente, Vanderlei escreveu um livro, no qual aborda a doença, e se prepara para a confecção de outro.

"Na verdade, o que deu origem ao livro EU E ELAS, foram as várias conversas pelas redes sociais, onde percebi que esperavam de mim um médico de almas. Assim pude servir e ser útil, minha verdadeira vocação, escrevendo crônicas", avaliou.
 

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