Por Daniel Alonso *
Inadmissível a passividade de parte da sociedade brasileira diante dos excessos nos gastos públicos. Ainda que o tema tenha sido de extrema relevância para a vida no planeta, mas levar para Paris, no ano passado, 900 pessoas na comitiva presidencial beira o absurdo.
Fico com o comentário de um articulista da TV Cultura, que ao exclamar sobre a questão das arrecadações de impostos citou os gastos da presidência da República com viagens internacionais e ainda acrescentou: “Em Paris, como se tratava de uma questão do meio ambiente, bastava ter levado 9 pessoas. Isso porque, além de economizar o dinheiro do contribuinte, os danos ambientais provocados pela locomoção de tanta gente seriam bem menores”, afirmou.
Claro que a questão da otimização dos recursos públicos passa por uma mudança de comportamento da classe política. Mas mudança que deve e vem sendo exigida pela sociedade. Quando digo passividade da sociedade brasileira estou me referindo ao fato de nenhum setor provocar, inclusive judicialmente, uma nova postura no tocante ao que se gasta com viagens oficiais.
Transparência não é somente veicular pelos órgãos de imprensa e canais públicos de comunicação, como os portais dos governos, o que se gasta com o que se arrecada. Transparência vai muito mais além, chega ao ponto da sinceridade de alocação de recursos para isso e para aquilo.
Sem sombra de dúvida, 900 pessoas numa comitiva para uma viagem à França, com hospedagem em hotel de luxo, enquanto se há embaixadas e consulados brasileiros na capital francesa e em cidades adjacentes, beira a farra com o dinheiro público. E o tempo de fazer farra com o que é fruto do suor do brasileiro já acabou. Defendo uma nova postura da classe política, uma postura transparente em todos os sentidos.
Transparência, acima de tudo, nas tomadas de decisões. Sim, pois, como se diz um ditado: depois que Inês está morta, nada adianta. Não adianta especificar que na comitiva de 900 pessoas em Paris foram gastos tantos e tantos milhões. O dinheiro já saiu do cofre público e já pagou as refeições e as estadias numa das capitais mais charmosas do mundo.
O correto seria otimizar a ida para a França e especificar a meta de cada um nesta conferência do meio ambiente. Numa empresa as coisas funcionam assim: otimização dos recursos para que o prejuízo não comprometa o funcionamento da companhia. O prejuízo dos governos recai sempre na população, que segue sendo relegada em segundo plano em muitas coisas. O verbo economizar cabe em qualquer circunstância, inclusive, e principalmente, na administração pública.
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Daniel Alonso é empresário, diretor da Casa Sol e presidente da Federação das Associações dos Comerciantes de Materiais de Construção do Estado de São Paulo (Fecomac São Paulo).
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