Nos dias 16 e 17 de março, o canal a cabo HBO exibiu o documentário "Deixando Neverland". Dividido em duas partes, o filme apresenta os relatos de Wade Robson e James Safechuck, ambos com 36 anos, que alegam terem sido abusados pelo cantor Michael Jackson quando eram crianças, no Rancho Neverland, onde o astro morava.
Durante as quase quatro horas de documentário, Robson e Safechuck detalham como conheceram Michael, como os abusos teriam começado e o impacto que os eventos tiveram em suas vidas.
Abusadores usam seu poder para manipular vítimas e família: Robson afirma que Michael Jackson fez de tudo para que pudesse ter a confiança dos pais e das crianças, dizendo que ajudaria os meninos a se tornarem estrelas. Ele diz que o cantor conseguiu convencer a família a se mudar da Austrália para os Estados Unidos, para que a carreira de dançarino de Robson pudesse deslanchar. Safechuck diz que Jackson prometia a ele que faria de tudo para que o jovem se tornasse "o próximo Steven Spielberg".
O que mostra o documentário: Safechuck diz que Jackson lhe presenteou com joias em troca de favores sexuais, chegando até a fazer um "casamento de mentira" com o menino.
Eles falam que contar o abuso pode trazer consequências terríveis: os dois entrevistados afirmam que Jackson chegou a dizer que eles não poderiam contar para ninguém sobre os atos que aconteciam quando eles estavam juntos, pois "ambos poderiam ser presos, ou então "eles nunca mais poderiam se ver novamente".
Eles tentam fazer a vítima se afastar da família o máximo possível: em "Deixando Neverland", Robson e Safechuck afirmam que sempre frequentavam festas do pijama na casa de Michael Jackson com outras crianças. Eles também dizem que eram levados para viajar com o cantor.
O que mostra o documentário: quando Jackson foi acusado de abuso sexual infantil pela primeira vez, em 1993, os entrevistados disseram que ele pediu para que eles o defendessem publicamente. Robson testemunhou a favor do astro pop, em 2005, quando ele foi a julgamento novamente por outra acusação de molestar um adolescente. A mãe de Safechuck diz que, coincidentemente, o cantor comprou uma casa para sua família na mesma época em que ele era acusado.
O que mostra o documentário: Robson e Safechuck afirmam que seu comportamento mudou após o abuso, apesar de não saberem dizer o motivo. Ambos relataram sintomas de depressão e ansiedade, e Robson afirmou que, cada vez que alguma notícia sobre Michael Jackson saía na imprensa, ele se atolava de trabalho para não pensar nisso.
Wade Robson, Dan Reed (premiado diretor do documentário) e James Safechuck (Foto/Divulgação)
Especialistas relatam que mudança de comportamento durante o período em que o abuso ocorre ou até mesmo após os atos são recorrentes --é preciso estar atento às atitudes das vítimas para notar alguma mudança.
Envie-nos sugestões de matérias: (14) 99688-7288