Em 2005, Jeannine Gramick, freira americana e co-fundadora da organização New Ways Ministry, de apoio à comunidade LGBT católica, disse, durante estadia no Brasil para participar do 13º Festival de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, que em seu convento havia freiras lésbicas: "Uma noviça comentou que, antes de entrar no convento, foi a um bar de frequência gay na cidade. Depois daquele episódio, soube que havia lésbicas no que eu estava", explicou, afirmando que todas deveriam se assumir: "Quando Paul Newman aparece na tela, as heterossexuais suspiram. As lésbicas não podem fazer o mesmo quando é a Jane Fonda?".
A presença de lésbicas em conventos parece não ser novidade para historiadores que estudam esse assunto. Eles relatam histórias de mulheres, que, à força ou por vontade própria dentro deles, tiveram a possibilidade de expressar sua liberdade, inclusive sexual, até serem reprimidas.
No livro "Atos Impuros", em português, a historiadora Judith C. Brown, da Universidade Wesleyan, nos Estados Unidos, cita o caso sexual entre as freiras italianas Benedetta Carlini e Bartolomea Crivelli, ocorrido por volta de 1620, durante o Renascimento. Benedetta, que foi enviada a um convento na Toscana pelos próprios pais, começou a ter visões perturbadoras e, segundo a autora, "usava sua possessão por um espírito masculino como explicação para os atos com a colega", que foi nomeada sua cuidadora durante seus "períodos de êxtase".
Alguns anos depois, durante uma investigação encomendada pela Igreja, descobriu-se que as freiras mantinham relações sexuais há anos. O caso resultou na separação das duas e o pouco que se sabe é que Benedetta foi enviada para uma prisão, onde permaneceu até morrer.
Se hoje os conventos transmitem a ideia de serem locais humildes, tranquilos e acessíveis, antes, alguns deles eram bem diferentes.
Em um desses conventos, no México, viveu Juana Inés de la Cruz, freira por escolha própria e poetiza do século 17, que dedicou versos elogiosos e de amor para várias mulheres de seu convívio. Em 2016, Juana virou protagonista da série da Netflix "Juana Inés", na qual é apresentada como uma freira feminista, que vive relacionamentos lésbicos em uma época de opressão.
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