Governo quer acabar com aterros irregulares até o fim do ano

Marília está interditado há seis anos. Todo material é levado por meio de transbordo. Municípios são responsabilizados.
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No final de mês de março, a Secretaria do Meio Ambiente interditou o aterro da cidade de Assis por irregularidades no descarte de lixo. De acordo como secretário Ricardo Salles, estavam misturados resíduos domiciliares, industriais, galhos e podas de árvores, tudo de forma inadequada. A prefeitura terá até 30 dias para regularizar a situação.

No final do ano passado, outros aterros também já foram fechados pelo interior do Estado. É o caso de Marilia que está proibida de manter o lixo desde 2011 (completou este mês seis anos). A Prefeitura tem que realizar o transbordo para o município de Piratininga. Cerca de 40 ainda continuam funcionando e o objetivo do governo e acaba com todos eles até o final do ano. Um problema que, na verdade, já vem se estendendo desde muito tempo.

Pela Lei 12.305/2010, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), todos os municípios deveriam acabar com seus lixões em até 2014. Mas isso não aconteceu e, de prorrogação em prorrogação, agora o prazo final é 31 de julho de 2018 para municípios da região metropolitana, e até 2019 para municípios de fronteira e os que contam com mais de 100 mil habitantes, com base no Censo de 2010. Já as cidades que têm entre 50 e 100 mil habitantes, terão que resolver essa questão até 31 de julho de 2020. Os municípios menores, com menos de 50 mil habitantes, devem estar de acordo com a lei até 31 de julho de 2021.

PUNIÇÕES - Apesar da extensa prorrogação, para as cidades que descumprirem os novos prazos estabelecidos, podem ocorrer punições. A advogada Isabela Giglio, da Consultoria em Administração Municipal (Conam), lembra aos gestores públicos sobre as penalidades que os municípios podem sofrer em caso de descumprimento.

A inobservância da obrigação de encerramento das atividades dos lixões poderá implicar na responsabilização dos municípios por diversas formas, inclusive por crime ambiental, sendo possível, ainda, a punição dos agentes políticos responsáveis pelo inadimplemento”, explica a especialista.

A PNRS permite que o país avance no combate a sérios problemas ambientais, sociais e econômicos provocados pelo manejo inadequado dos resíduos sólidos. Mas, para que isso realmente aconteça, os municípios precisam cumprir urgentemente com a sua parte”, diz o Biólogo Giuseppe Puorto, membro do CRBio-01 – Conselho Regional de Biologia – 1ª Região (SP, MT e MS). Estima-se que, por dia, um aterro de pequeno porte receba até 100 toneladas de lixo. Aterros de médio porte, cerca de 800 toneladas por dia. Enquanto aterros maiores chegam a receber, por dia, mais de 2 mil toneladas de resíduos sólidos.

CONTAMINAÇÃO

De acordo com o Biólogo, entre os principais impactos ambientais que os lixões provocam estão a contaminação do solo e dos lençóis freáticos pelo chorume – um líquido preto tóxico proveniente da decomposição do lixo, e também a poluição do ar pelo biogás, formado pela combinação de gás carbônico (CO2) com metano e vapor d’água. “Sem contar o risco que os catadores que trabalham nesses locais enfrentam diariamente, inclusive crianças, tanto de contrair alguma doença por causa do próprio lixo ou da presença de animais (ratos e urubus, por exemplo) como também de sofrer algum acidente fatal”, alerta Puorto.

Isabela Giglio lembra da importância de técnicos e profissionais realmente capacitados para a desativação dos lixões e a implantação de aterros apropriados. Gilberto Belleza, presidente do CAU/SP – Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, reitera o que ela diz. “A escolha de materiais adequados, o uso racional desses materiais nos projetos, a organização de canteiros de baixo impacto e, sobretudo, a gestão dos resíduos de cada empreendimento e sua correta destinação, são aspectos que fazem a diferença na cadeia produtiva. Trabalho que pode e deve ser desenvolvido com a participação de urbanistas”, completa Belleza.

OUTRAS PRIORIDADES  - Porém, Luiz Roberto Gravina Pladevall, presidente da Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente (Apecs), explica que sem dinheiro para investimentos, os prefeitos provavelmente continuarão elegendo outras prioridades.

O governo federal precisará aumentar os esforços e contribuir para a preparação técnica desses municípios, assim como ampliar os incentivos na criação de aterros sanitários controlados. Uma das soluções passa por novas alternativas administrativas, como a implantação de Parcerias Público-Privadas (PPPs), principalmente nas cidades com maior geração de resíduos sólidos. Precisamos ainda pensar em consórcios entre municípios como forma de ratear custos”, conclui o dirigente.

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