Uma postagem no Facebook ajudou Guilherme Teixeira e o cão Fox, moradores de rua que ficaram conhecidos após aparecerem em uma página no Facebook em setembro de 2014, no Rio de Janeiro. Com a ajuda de um grupo de pessoas, o jovem de 27 anos conquistou um emprego como faxineiro em um dos lugares mais icónicos da cidade, o estádio do Maracanã.
O contato de Guilherme com o grupo foi através de duas integrantes. Elas o viram na página e, em janeiro deste ano, foram às ruas conhecê-lo e oferecer ajuda. Após muitos meses de conversa, Guilherme decidiu que sair das ruas seria melhor para ele e para o cão Fox, que chamou a atenção nas redes sociais pelos óculos e pela gravata que dão um ar de intelectual ao animal.
Guilherme não conheceu os pais. Ele foi abandonado quando era recém-nascido. Passou a infância e adolescência em um orfanato. Quando completou 18 anos, como não foi adotado por ninguém, foi mandado para uma república, que faliu após um ano. Depois disso, as ruas se tornaram a casa do jovem.
Há três anos, Guilherme conheceu o seu melhor amigo. “Eu não o escolhi para ser meu cachorro. Foi ele que me escolheu. Eu estava sentado na rua, comendo uma comida, e senti uma presença nas minhas costas. Era ele me cheirando. Aí eu dividi a minha comida com ele. Ele estava com fome, machucado e com sarna. Aí ele não saiu do meu pé”, conta sorrindo.
Um amigo deu a dica que, mais do que catar papel, ele deveria entrar no mundo das letras e vender livros. Em busca dos melhores pontos para ganhar dinheiro, ele passou a morar e vender as obras que arrecadava no lixo e em doações. Lá, o “cão intelectual” ganhou o seu acessório que o tornou conhecido na internet e virou um chamariz para as vendas.
“Eu vi um cachorro de óculos na revista. Achei bacana e tirei um dinheiro da minha comida e comprei uns óculos no camelô por R$ 10. Tirei as lentes e coloquei nele. Ele não tirou. Ficou com os óculos e pareceu ter gostado”, conta Guilherme.
Há quase um mês, Guilherme é funcionário da Sunplus Sistema de Serviços, responsável pela limpeza do estádio. Atualmente ganha R$ 980 de salário, uma cesta básica e tem direito a plano de saúde e odontológico.
E justamente o amor pelo cachorro o motivou a aceitar a proposta para sair das calçadas. “Eu quero dar para ele um conforto que não podia dar. Ele é bem tratado. Quem olha para ele pensa que é cachorro de madame”.
Quando volta para casa no final do dia, ele afirma que o cachorro fica com saudade.
“Eu chego cansado e ele quer brincar comigo. Quero só tomar um banho e ver minha novelinha, mas eu sempre passeio antes com ele. No final de semana eu compenso. Vamos passear em Copacabana”.
G1
Envie-nos sugestões de matérias: (14) 99688-7288