Há 50 anos cosmonauta soviético realizava primeira caminhada espacial da história

Conheça a história da primeira caminhada espacial da história, que foi há 50 anos.
Compartilhe:

Aconteceu no dia 18 de março de 1965. O cosmonauta soviético Alexei Leonov fora lançado ao espaço à bordo da Voskhod 2, a segunda nave espacial soviética enviada ao espaço pelo Programa Voskhod.

Voskhod, que significa Amanhecer,  foi um programa de missões espaciais da URSS, em resposta ao Projeto Gemini (EUA), com o objetivo de enviar à órbita baixa da Terra missões tripuladas por mais de um cosmonauta. Devido a essa competição, as naves desse projeto, que podiam acomodar até 3 cosmonautas, foram construídas, as pressas, com adaptações das naves Vostok, que comportavam apenas um cosmonauta.

PREPARATIVOS:

Antes do voo, a tripulação da Voskhod 2 ensaiou cerca de três mil possíveis situações de emergência. No entanto, o projetista chefe do programa espacial soviético, Serguei Korolev, disse-lhes no momento de despedida: “Não podemos sugerir nada. Vão voando, depois me contem tudo. Se vocês conhecem três mil situações de emergência, no voo vai surgir a situação número três mil e um. Mas se já conhecem três mil, vão dominar mais uma”.

A MISSÃO:

A missão foi histórica, pois marcou a primeira caminhada espacial, ou atividade extraveicular (EVA – extra-vehicular activity), de todos os tempos.

Enquanto Pavel Beliaev permaneceu a bordo, Leonov, na segunda órbita ao redor da Terra, vestindo uma roupa especialmente preparada para o EVA, saiu da nave quando a mesma sobrevoava o noroeste da África (perto do norte do Sudão e sul do Egito).

Imagens emocionantes vindas Voskhod 2 eram transmitidas ao vivo e encantavam o mundo. Era possível ver e ouvir Leonov, que dava cambalhotas na vastidão do espaço.

Durante 12 min 9 s, Leonov ficou no espaço, preso apenas por um cabo ‘umbilical’ de cinco metros, flexível, ligando seu traje à nave. A caminhada espacial terminou quando a Voskhod 2 sobrevoava a região leste da Sibéria, na União Soviética.

RETORNO:

Problemas com a roupa de Leonov, entretanto, prejudicaram o seu regresso ao interior da nave. Ao tentar voltar à cabine, ele descobriu que seu traje tinha inflado e não passava pela pequena escotilha do airlock. Leonov foi forçado a fazer uma perigosa manobra de despressurização do seu traje, indo abaixo dos limites de segurança. Momentos antes do ocorrido, entretanto, quando, através das imagens, era visível que algo não ia bem, a transmissão ao vivo fora subitamente encerrada pela equipe em terra. Durante esse tempo, Leonov se valia apenas do treinamento recebido, tendo optado por não relatar suas ações através do rádio, a fim de não não alarmar os outros.

Durante a reentrada da nave na atmosfera, os retropropulsores falharam. Para resolver a situação, a retrofrenagem foi acionada manualmente.Os problemas não terminavam por aí, o módulo de serviço falhou ao se separar do módulo de descida, causando uma sequência de giros descontrolados. Literalmente despencando, os módulos só se separaram a cerca de 100 km de altitude, quando os cabos que os conectavam foram desintegrados pelo calor.

Os dois cosmonautas aterrissaram no dia 19 de março. O atraso de 46 s nos procedimentos de reentrada fizeram com a Voshkod 2 pousasse 320 km fora do ponto designado para o pouso, perto de um vilarejo nos Montes Urais, na Sibéria. A tripulação passou duas noites num bosque, cercada por lobos e com temperatura abaixo de zero. Uma equipe de resgate teve que abrir uma clareira no bosque para pousar o helicóptero de resgate.

A despeito de todos os problemas, a missão foi considerada um sucesso e foi amplamente divulgada em todo mundo, tendo sido uma das maiores conquistas do programa espacial soviético. As demais missões da série Voskhod, entretanto, foram canceladas, por terem sido consideradas perigosas.

GUERRA FRIA:

Os americanos foram obrigados a reconhecer que a espetacular façanha soviética. No dia 3 de junho do mesmo ano, entretanto, os EUA reagiram: ligado à nave por um longo cordão umbilical, o astronauta Edward White ficou 21 minutos fora da Gemini IV, inclusive dando-se ao luxo de manobrar no espaço graças a uma propulsor a jato como os vistos nas histórias de Flash Gordon.

O LEGADO:

Leonov é um dos grandes nomes do programa espacial soviético e dos programas espaciais tripulados como um todo. Condecorado duas vezes como Herói da URSS (em 23 de março de 1965 e em 22 de julho de 1975), ele foi escalado para comandar o primeiro voo de uma nave soviética ao redor da Lua, Na época, todos os testes não tripulados com os foguetes construídos para esta tarefa falharam, além disso, com a consequente circunavegação lunar feita pela Apollo 8, em dezembro de 1968, os soviéticos cancelaram a missão. Também estava previsto que Leonov fosse o primeiro soviético a pisar na Lua, entretanto, diante do êxito americano na missão Apolo 11, junto com os contratempos enfrentados pelo programa espacial soviético, essa missão também foi cancelada.

A segunda ida de Leonov ao espaço foi como comandante da Soyuz 19, na histórica missão Apollo-Soyuz, de 1975, que registrou o primeiro encontro entre soviéticos e americanos no espaço. Após esta segunda missão, ele passou a comandar a equipe de cosmonautas soviéticos e foi um dos diretores do Centro de Treinamento de Cosmonautas Yuri Gagarin, na Cidade das Estrelas, onde supervisionou o treinamento das novas equipes de cosmonautas, entre 1976 e 1982, quando se aposentou.

Assim como o astronauta americano Alan Bean, um dos homens a pisar na Lua, Leonov foi atraído pela pintura, e um do seus quadros, Perto da Lua (1967), mostra uma cena idêntica à da abertura do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço.

Leonov tem numerosas condecorações soviéticas, russas e internacionais, e é membro de duas Academias da Astronáutica – a Internacional e a Russa. O seu nome foi dado a uma das crateras lunares.

Receba nossas notícias no seu celular: Clique Aqui.
Envie-nos sugestões de matérias: (14) 99688-7288

Desenvolvido por StrikeOn.