A jovem de 21 anos que, mesmo depois de ter a morte cerebral decretada, deu à luz um casal de gêmeos em Campo Largo, teve os órgãos doados. O coração que era de Frankiele da Silva Zampoli já bate no peito de Rafael de Oliveira, de 32 anos
O rapaz, que é gêmeo de mais dois irmãos, levava uma vida cheia de restrições por causa de uma doença que provoca inchaço no coração. Ele estava havia quase um ano e meio na fila do transplante. Na quarta-feira (22), ele ganhou um novo coração, o de Frankiele, que continuou batendo por 123 dias mesmo depois de sua morte cerebral. Foi o tempo perfeito para que os gêmeos Azaphi e Ana Vitória pudessem se desenvolver. Os bebês nasceram no domingo (19).
Na quarta, foi a vez de Rafael ganhar uma nova vida. Logo depois da cirurgia, o paciente foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital, onde deve ficar por cinco dias. Ele está sedado e o seu estado de saúde é estável, segundo o médico que fez o transplante.
Já o corpo de Frankielen foi enterrado no mesmo dia da cirurgia de Rafael, em Contenda, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela estava grávida de gêmeos quando chegou ao hospital com uma hemorragia grave no cérebro. A morte cerebral foi constatada três dias depois, mas a família e os médicos decidiram mantê-la viva para salvar os dois bebês. Deu certo. Foram 123 dias de uma batalha pela vida. De carinho, de dedicação, de acreditar no que parecia impossível.
A gestação de Azaphi e Ana Vitória estava apenas começando, no segundo mês, quando ocorreu a morte cerebral. A equipe médica tinha, então, o desafio de manter o corpo da mãe funcionando para que os dois bebês pudessem se desenvolver. Cada minuto, cada avanço, cada resposta: foi uma gravidez monitorada 24 horas por dia e comemorada nos detalhes por médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e outros profissionais da saúde. Depois de sete meses de gestação, os bebês nasceram com a saúde compatível com a de prematuros dessa idade.
Atualmente, estão isolados porque precisam de muitos cuidados, principalmente por causa do risco de infecção. Ana Vitória, que nasceu com um 1,4 quilo, é um pouquinho maior do que o irmão Azaphi, que veio ao mundo com 1,3 quilo.
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