O primeiro transplante de útero bem-sucedido entre pessoas vivas da América Latina foi realizado em São Paulo. Esse avanço da medicina reprodutiva só foi possível devido à participação de duas irmãs: Jéssica e Jaqueline Borges, de 34 e 31 anos.
Aos 16 anos, Jéssica foi diagnosticada com a síndrome de Rokitansky —que causa uma malformação congênita do aparelho reprodutor feminino— Essa condição congênita fez com que ela nascesse sem útero. No entanto, como seu sonho sempre foi ser mãe biológica e passar pelo processo de uma gravidez, sua irmã decidiu doar seu útero para que ela pudesse gerar uma criança.
Por alguns anos, Jéssica participou de grupos nas redes sociais de pessoas que tinham a mesma síndrome. "Por lá, fiquei sabendo que o Hospital das Clínicas estava realizando estudos sobre transplantes e me inscrevi no projeto. Foi um sonho quando descobri que havia sido aprovada, afinal, sempre quis gerar uma criança", completa.
Jaqueline, irmã de Jéssica, não hesitou em se oferecer como doadora. "Tenho dois filhos e sempre soube do desejo dela de ser mãe. Fiquei muito feliz por ser compatível e ter saúde para realizar o transplante. Nunca tive dúvidas de que seria o melhor para ela, e depois disso, ficamos ainda mais unidas. Faria tudo de novo", relata.
Como foi feito o procedimento
O transplante foi realizado no dia 17 de agosto no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. A iniciativa foi realizada em parceria com uma equipe sueca, responsável pelo primeiro nascimento de um bebê em um útero transplantado em 2014. Na Suécia, o método é regulamentado e aplicado, enquanto no Brasil ainda é experimental e parte de um estudo clínico.
A receptora apresentava ovários saudáveis e o procedimento envolveu a coleta de óvulos, fertilização in vitro e congelamento dos embriões para utilização futura após o transplante.
Depois do transplante, as duas se recuperaram bem e ficaram apenas 48 horas em observação na UTI. Após 5 dias de internação tiveram alta.As chances de um nascimento com transplante de doadora viva são de 80%. E um avanço já foi observado: Jéssica teve seu primeiro ciclo menstrual recentemente. (com informação UOL)
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