Apesar de conhecidos, os riscos envolvidos em drástica e repentina perda de peso exigem todo o acompanhamento médico, cuidado, foco e disciplina de lutadores que são treinados e testados ao extremo. Ou seja, tentar repetir estes métodos para entrar em forma é algo ainda mais temerário, tanto pelas pessoas sedentárias como por aqueles que fazem exercícios regularmente.
Isso porque o polêmico corte de peso é comum para competidores que precisam estar no limite exigido pela categoria em que lutam. Um hábito dentro do MMA que separa os atletas segundo o peso, mas que divide opinião de especialistas.
Alguns problemas chamaram atenção. Em julho deste ano, circulou a imagem da ex-campeã do peso-galo do UFC Miesha Tate. Na foto, a lutadora aparece deitada no chão sobre uma toalha, aparentemente em grande sofrimento, enquanto era preparada uma banheira quente para que ela suasse mais, na madrugada do dia da pesagem.
Atletas que praticam esportes com categorias por quilos deveriam ficar mais próximos de um peso e composição corporal que possam ser mantidos ao longo do ano, não comprometendo a força, potência, velocidade, reflexo e, acima de tudo, a saúde.
Mas se livrar de tantos quilos em período tão curto é sempre duro. Por isso, um dos caminhos usados pelos atletas é a desidratação (limitada ingestão de água). Entre as alterações estão o aumento da frequência cardíaca e temperatura interna do corpo, as doenças do calor (choque térmico) e a redução de fluxo sanguíneo para a pele, os músculos, fígado, rim e outros órgãos.
A desidratação é agravada pelos métodos de aumento da temperatura corporal (como sauna, banheira de água quente e corrida com casacos) tendo muita perda de água e eletrólitos, como sódio, magnésio, potássio e cloro.
Qualquer dieta, principalmente se vai haver drástica mudança, precisa ser acompanhada por nutricionista para ser adequada aos objetivos, estilo de vida e estado de saúde
A alimentação também passa por mudanças radicais. Segundo nutricionistas, para "secar" em poucos dias, os lutadores adotam a dieta cetogênica (low carb), com a retirada quase total dos carboidratos (pães, frutas, verduras, cereais e legumes, por exemplo).
Essas dietas podem ter vários tipos de combinações, como 40% de proteínas + 40% de gorduras + 20% de carboidratos ou apenas 50g ao de carboidratos por dia (algo como duas maçãs por dia). Após a pesagem oficial, na véspera da luta, os atletas usam a compensação para restabelecer energia e água, ingerindo muitas calorias em um dia e sem preocupação com a qualidade alimentar. É uma alimentação radical.
O carboidrato é o combustível que o corpo está acostumado a usar como fonte de energia, na área cerebral e por atletas. Pode acontecer a queda da performance, além de cansaço e dor de cabeça. Não é uma dieta muito prática, pois o brasileiro tem o hábito de ingerir muito carboidrato.
Especialista em medicina do esporte, Nabil Ghorayeb explicou que não é de hoje que as pessoas usam métodos estranhos para perder peso. O cardiologista citou o perigo de fazer da sauna um local para "secar". O médico afirmou que isso não emagrece, pois apenas perde-se peso por desidratação.
"Podemos chamar de "sem noção" aqueles que apelam para tais métodos não recomendados e que trazem riscos enormes. Tudo começa pelo "ouvir falar" e termina em algum pronto-socorro para tentar salvar uma vida. Absurdo dos absurdos. Esse emagrecimento “falso" deveria ser proibido e até caso de investigação por colocar em risco a vida dos lutadores", enfatizou Nabil.
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