Cerca de seis meses após o acidente que deixou o empresário Carlos Alberto Magon tetraplégico, outras duas pessoas também sofreram acidentes graves no Parque Thermas dos Laranjais, na cidade de Olímpia.
Edson Aparecido Sertorio, de 53 anos, ficou paraplégico e Gabriel Quedas Dottavio, de 31 anos, sofre de dores crônicas. Os dois moram em São Paulo, onde fazem tratamento para tentar diminuir as consequências das lesões sofridas.
Edson também se machucou no brinquedo "bolha gigante". No dia 17 de dezembro de 2015, o contador escorregou e bateu com a cabeça no fundo da piscina. “Enquanto eu estava sentado e aguardando socorro, meus braços estavam adormecidos”, conta Edson, que foi resgatado da piscina por banhistas e aguardou sentado pelos socorristas do Parque.
Com a batida, as vértebras c5 e c6 foram lesionadas e Edson ficou sem o movimento das pernas e com problemas nas mãos. “Eu não consigo ter movimento de 'pinça' nas minhas mãos e dedos, não tenho o movimento de pegar as coisas, porque eles estão fracos e rígidos. Eu também não consigo fechar a mão direita”, explica.

Os primeiros gastos, cerca de R$ 1.200, com botas ortopédicas e algumas adaptações foram ressarcidos pelo parque. Segundo o contador, a única assistência recebida.
Edson conta que não havia placas ou socorristas próximos ao brinquedo na hora do acidente. “Faltou segurança, a piscina é rasa, não tinha pessoas para auxiliar em imprevistos. Se esse brinquedo causa riscos aos usuários, eles devem tomar providência. É fácil para eles deixarem o brinquedo lá causando acidentes."
Em setembro de 2015, Gabriel se acidentou em outro brinquedo – um tobogã em que duas pessoas escorregam por meio de uma boia. Ele e a esposa escorregaram juntos e, ao chegar na piscina, o corretor de imóveis bateu a cabeça. No momento da batida, ele sofreu um choque e não sentiu as pernas nem os braços.
“Depois de uns 10 minutos, chegou um socorrista com uma cadeira de rodas. Eles me levantaram e me levaram até o ambulatório. Minha esposa pediu a prancha [de resgate], e eles falaram que levariam na cadeira de rodas, que seria ‘rapidinho’”, conta.
Enquanto era levado para o ambulatório, Gabriel voltou a sentir as pernas e braços, mas com formigamento. “O atendimento foi todo errado. A cadeira [de rodas] não conseguia passar por uma rampa, e me levantaram. O médico ficou mexendo no meu pescoço, virando para cima e para baixo, para os lados”, reclama.
Sentindo muitas dores, o jovem foi medicado e encaminhado para um hospital da região e após fazer exames, Gabriel conta que o médico afirmou não ter tido nenhuma fratura.
Ainda com muitas dores, o corretor voltou para São Paulo e passou em outro médico. “Fiz os exames e me disseram que eu tive fratura na cervical, que ela achatou e uma fratura na caixa torácica. Me internaram e chamaram um neurocirurgião para saber se eu precisaria operar.”
Com a batida na cabeça, a vértebra achatou e tocou a medula espinhal. Por esse motivo, Gabriel ficou sem o movimento das pernas e braços durante o tempo em que aguardava o socorro. “Os médicos disseram que eu tive muita sorte, que eu nasci de novo. Eles falaram que eu poderia ter ficado paraplégico.”
Atualmente, a fratura está consolidada e há um achatamento de 70%. Com isso, Gabriel deve tomar cuidados e passou por uma fase de adaptação. Antes do acidente, o jovem jogava futebol, lutava jiu-jitsu e fazia exercícios constantemente. “Hoje eu tenho muitas limitações. Se acontecer um acidente, eu posso perder os movimentos, por isso parei com todas as minhas atividades.”
Gabriel sofre de dores crônicas e, recentemente, um médico constatou a necessidade de uma operação. “Eu tento suportar a dor para não ficar viciado nos remédios. Mas é uma dor muito forte. Como o risco é grande, o achatamento é muito grande, estão considerando fazer a cirurgia. Eu já estou fazendo os exames.”
O corretor de imóveis considera o parque “irresponsável e negligente”. “O atendimento não foi correto, o erro hospitalar, erro médico. Eles não têm estrutura nenhuma. Eu sei que já afetou muitas pessoas e pode afetar mais gente.”
Defesa: Eduardo Lemos Barbosa, advogado dos três casos de acidentes no Parque, afirma que o Parque Thermas dos Laranjais "oferece perigo aos seus consumidores".
"O parque vai responder uma ação penal nos três casos devido ao perigo que oferece aos seus clientes. Na esfera cível, este comportamento está previsto no Código Do Consumidor. É responsabilidade objetiva e, assim, terá que indenizar suas vítimas nos aspecto moral e material."
De acordo com o advogado, o parque não proporcionou atendimento psicológico às pessoas acidentadas. "As três vítimas eram provedores de suas famílias, e o parque, mesmo sabedor das dificuldades para essas pessoas se manterem após o acidente, ignora solenemente essas graves e urgentes necessidades de suas vítimas."
Carlos Magon já entrou com processo contra o parque. Edison e Gabriel devem entrar com representações em breve.
Fonte: G1
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