Mais da metade das garotas dos Estados Unidos com idade entre seis e oito anos acha que o corpo ideal é mais magro do que o seu. O levantamento revelou ainda que uma em cada quatro crianças tentou fazer dieta depois dos sete anos.
Um outro estudo, da University College London constatou que meninas e meninos com apenas oito anos já demonstram insatisfação com o próprio corpo.
Há três fatores principais por trás da inquietação precoce com medidas e calorias: a supervalorização da estética, a influência da publicidade e os modelos ensinados, consciente ou inconscientemente, pelos pais.
Segundo o psicólogo Bruno Mader, do Serviço de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, imagens de pessoas belas e magras se disseminam em todos os meios de comunicação como uma estratégia para impulsionar o consumismo.
"Isso nos leva a pensar o corpo como um bem de consumo, como se a felicidade pudesse ser resolvida apenas com o aspecto da aparência. É um valor contemporâneo", fala o especialista.
O ser humano começa a criar e a elaborar conceitos antagônicos, como grande/pequeno e claro/escuro, a partir do momento em que aprende a falar. Assim, uma criança de três anos pode diferenciar uma pessoa gorda de uma magra. Porém, o juízo de valor sobre isso toma forma a partir dos cinco ou seis anos.
É bom ressaltar que as crianças são mais sugestionáveis do que os adultos em relação à imposição de padrões, pois não têm maturidade emocional para discernir quais são saudáveis para elas. É justamente nessa dificuldade de discernimento que a publicidade encontra espaço para intervir.
Bonecos como Barbie e Monster High (magras e altas) e Ken e Max Steel (sarados com barriga trincada) influenciam de forma negativa na autoimagem das crianças, que acreditam que sucesso, popularidade e prestígio estão 100% atrelados à beleza e ao padrão de beleza que valoriza o corpo esbelto.
Dietas restritivas repetidas e sem orientação apresentam riscos clínicos, nutricionais, psicológicos e psiquiátricos e, por isso, devem ser prontamente combatidas pelos pais, que, assim que estranharem algum tipo de comportamento, devem levar o filho para uma consulta com profissional da área de transtornos alimentares.
Conversar e oferecer apoio são ações fundamentais, mas a família deve, antes mais nada, avaliar se precisa mudar a relação com a própria autoimagem e a maneira como expõe seus valores às crianças.
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