A investigadora Katherine Cramer adora mostrar o lado feminino que existe na Polícia Civil, mas engana-se quem pensa que ela é uma 'patricinha' no ambiente masculino. Com dezenas de casos no currículo, ela usa a delicadeza e a determinação feminina para impor respeito e mostrar sua capacidade como policial nas ruas ou na solução de casos de alto risco.
“Eu achava bonito o trabalho da mulher na polícia. Estava fazendo a faculdade de Direito com algumas amigas que eram escrivãs e investigadoras. Eu comecei a estudar e consegui passar no concurso”, diz Katherine, que foi designada para a Delegacia de Antissequestro de Santos (DEAS).
No ambiente hostil das delegacias, Katherine sempre fez questão de exibir o lado feminino. A mesa de trabalho dela sempre foi enfeita de objetos cor de rosa, bem diferente das outras repletas de acessórios pretos.
“Eu ganhei um spray de pimenta rosa de uma vítima que ficou satisfeita com o atendimento. Ganhei uma camiseta cor de rosa da polícia. O pessoal vê que eu gosto e sempre acaba me dando alguma coisa. E assim foi aumentando”, conta ela.
Entre os itens, estão uma caveira cor de rosa, canetas, bloquinhos e o celular com uma capinha em formato de revolver, também rosa. Na mesa de canto, ela guarda a lancheira, alguns artigos de decoração e a cafeteira, também rosa.
Katherine também ganhou de amigos policiais um distintivo e um par de algemas da mesma cor e paracompletar o kit, ela encomendou uma arma bem feminina. “Vi que tinha uma pequenininha na cor rosa. Tive que comprar na hora. Ela veio da fábrica. Os equipamentos estão todos registrados para poder trabalhar, tanto a arma como as algemas. O delegado permite”, explica.
A investigadora acredita que o toque de feminilidade e o ambiente mais aconchegante ajudam a deixar as vítimas mais a vontade para contar o caso ou prestar um depoimento.
“O rosa dá uma quebrada no frio da delegacia. A vítima, a família, sempre chega abalada ou perdeu um parente. O pessoal dá uma relaxada, come uma balinha rosa, toma um cafezinho. Eles sentam no pufe, eles contam a vida. É um divã”, diz.
No início da carreira, ela conta que muitos duvidavam da sua competência ao ver o material de trabalho dela. Tudo isso por ser mais feminino. “As pessoas viam tudo rosa, achavam que eu não ia prender ninguém, que não ia chegar a lugar nenhum”, fala.
Após os primeiros casos solucionados, os colegas viram que Katherine desempenhava a função como qualquer outro policial e foi ganhando o respeito e o carinho dos profissionais do ramo.
Com as algemas cor de rosa, ela já prendeu muitos criminosos. A investigadora conta que os homens ficam mais revoltados de estarem com a algema cor de rosa do que em ser preso, mas não faltam com o respeito e acabam por se conformar com a situação.
Com mais de 130 ocorrências no currículo, a investigadora sempre quer mais adrenalina na rua e casos de inteligência policial para solucionar. Determinada e dedicada, ela usa também estratégias e o pensamento feminino para sair na frente e mostrar o valor da mulher no meio policial.
Fonte: G1
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