Quadrilha tentou resgatar preso mariliense em Garça com tiroteio. Policial ficou ferido. Dez serão julgados.
A Justiça pronunciou 10 réus ao Tribunal do Júri, acusados de tentativa de homicídio e diversos outros crimes praticados durante a tentativa de resgate de um preso mariliense da cadeia de Garça (35 km de Marília). A ação não foi concretizada e os criminosos fugiram para Marília, onde a maior parte dos envolvidos foi presa. Três acusados foram encontrados na cidade de Assis (74 km de Marília).
De acordo com a decisão da juíza da 2a Vara da Comarca de Garça, Marina Freire, como responderam ao processo presos, os réus deverão permanecer presos, pois com a sentença de pronúncia, aumentam-se os motivos para a segregação, uma vez que existem mais indícios de tentativa de fuga, com objetivo de furtar-se à aplicação da lei penal objetiva.
Eles foram denunciados por constituição de milícia privada, receptação, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, constrangimento ilegal, fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança, tentativa de homicídio e outros crimes que foram verificados durante o processo.
PM foi ferido de raspão na cabeça e projéteis de fuzil usados na operação.
“Desta forma, ante todo o exposto e o mais que dos autos constam, julgo procedente a pretensão punitiva estatal, o que faço com amparo no Código de Processo Penal, oportunamente, e pronuncio, devem oportunamente, serem submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri”, afirmou a magistrada na decisão.
ENTENDA O CASO - De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), no dia 28 de abril de 2011, Diego Gonzaga de Abreu, irmão de Lucas Raimundo de Abreu Joca, foi autuado em flagrante por tráfico de entorpecentes, na posse de aproximadamente quatro quilos de cocaína, sendo recolhido para a cadeia de Garça, cidade onde foi flagrado.
Foi apurado que Diego fazia parte de uma quadrilha liderada por Ricardo Christiano Maciel, conhecido como “Caíque”, tendo mantido contato telefônico, de dentro da unidade prisional, no dia 29 de abril, com Jackson Maurício da Silva, citando o nome de Jaime Crepaldi Dias.
Objetivando a libertação de Diego, o bando arquitetou um plano de ação visando a invasão da cadeia de Garça e agindo em cooperação mútua, com divisão de tarefas, no dia 15 de maio, por volta das 7h30, parte do grupo, fortemente armado, foi colocar em prática a ação. Os criminosos estavam usando dois veículos, sendo um GM/Prisma, produto de roubo em Campinas, e um VW/Golf, propriedade de Aldenísio Gonzaga de Abreu, tio de Diego, que seria resgatado.
Movimentação na cadeia de Garça após a tentativa frustrada de resgate do preso mariliense.
Os automóveis eram ocupados por Aldenísio, Lucas, Jaime, “Caíque” e Jackson, além de Alan dos Santos Xavier, Daniel Oziel Barbosa da Silva e Herbert Custódio da Silva de Souza. Eles aguardaram a chegada dos fornecedores de alimentos aos presos e renderam três vítimas, obrigadas a acionarem a carcereira de plantão, para que o portão fosse aberto e eles pudessem invadir o local.
Percebendo a movimentação estranha, a carcereira fechou o portão por controle remoto, trancando dois bandidos e impedindo a entrada do restante da quadrilha. A dupla que entrou no pátio onde as viaturas são guardadas foi surpreendida por um policial civil, que se tornou alvo de disparos feitos de fuzil. Ele conseguiu fugir correndo e se trancou em uma sala da delegacia.
Os criminosos ficaram desesperados com a ação frustrada e dispararam contra o cadeado do portão de saída, além de danificarem a cerca elétrica, para deixarem a unidade policial. Policiais que faziam o patrulhamento pelas imediações foram informados sobre a ação delituosa e foram até o local, sendo recebidos por diversos disparos de arma de fogo.
Outra viatura fazia o patrulhamento pela Avenida Presidente Vargas e não sabendo do que estava acontecendo, se deparou com um dos veículos dos bandidos, que começaram a disparar. Um policial militar foi atingido de raspão na cabeça e por muito pouco não foi morto.
Policiais fortemente armados na delegacia
Os bandidos fugiram para Marília e no caminho, no trevo de Vera Cruz, efetuaram disparos contra policiais que estavam em uma viatura e tentariam abordá-los. Após uma denúncia anônima, os policiais militares foram até a casa de Jaime Crepaldi Dias e encontraram um carregador com capacidade para acondicionar 15 cartuchos de calibre 9 milímetros, com quatro cartuchos íntegros. Também foram apreendidas roupas de Alan, sujas de sangue, pois ele teria se ferido durante a ação.
No dia seguinte, a PM prendeu Susany Roberta de Azevedo Dias, Lucas, Herbert e Jaime. Em poder deles os policiais apreenderam uma pistola calibre 45, várias munições e rádios de comunicação sintonizados na frequência da Polícia Militar. O Prisma foi encontrado abandonado em um sítio na cidade de Vera Cruz, sendo apreendidos capuzes usados pelos bandidos, cartuchos íntegros e deflagrados de fuzil e ponto 40, bem como um cupom fiscal de um supermercado com o CPF da amásia do acusado Herbert.
O Golf foi abandonado em Marília e testemunhas teriam visto Daniel e Lucas deixando o carro. Com o auxílio de Antônio Elias da Silva Sobrinho e Anderson Fulgêncio Camilo, “Caíque” conseguiu fugir para Assis, onde acabou sendo preso pela Polícia Militar. Em sua residência, na Grande São Paulo, policiais localizaram grande quantidade de dinheiro e entorpecentes.
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