Síndrome do piriforme: O que é, e quais suas causas e sintomas

Também é conhecido como "síndrome do bumbum sarado". Romário Messias faz um alerta.
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Romário Messias*

A síndrome do piriforme, ou "síndrome do bumbum sarado" é uma condição relativamente incomum entre corredores, mas de difícil diagnóstico por se confundir com outros problemas mais comuns no cotidiano dos atletas de corrida de rua.

Trata-se de um conjunto de sinais e sintomas, daí o nome síndrome, e ocorre como consequência do encarceramento do nervo ciático pelo músculo piriforme na sua saída da pelve para a região glútea. Pode ser ocasionado pelo excesso de exercícios na região das nádegas.

Onde fica o músculo piriforme?

O músculo piriforme é um dos músculos pequenos e estreitos localizado na região profunda do glúteo, e permite a rotação externa da perna. Estende-se desde a base da coluna, no sacro, conectando-se com o fêmur aproximadamente onde fica a dobra da nádega. O nervo ciático, que sai da coluna, passa dentro deste músculo ou abaixo dele.

Síndrome do piriforme

É uma condição neuromuscular pouco comum em que o nervo ciático – o maior nervo do corpo – fica comprimido, incarcerado ou irritado. É uma neurite (inflamação do nervo) na parte proximal do nervo ciático. A compressão ou encarceramento deste nervo pelo músculo piriforme, devido a espasmo e/ou contratura, causa dor, que costuma ser descrita como formigamento, queimação ou parestesia.

Muitas mulheres se lesionam em busca do corpo perfeito.

A dor pode ocorrer na cóccix, quadril, glúteo, virilha, coxa ou parte distal da perna (irradia ao longo da perna). Como podem ver, não há um local preciso. Há piora da dor quando a pessoa fica sentado por muito tempo, sobe escadas, caminha, ou corre.

O primeiro a descrever a síndrome do piriforme foi Yeoman, em 1928, que chamou a condição de periartrite da articulação sacroilíaca anterior. A história desta síndrome origina em uma das muitas causas de dor lombar e dor na perna. Foi descoberto que muitos pacientes que haviam passado por cirurgias mal sucedidas na região lombossacral tinham na verdade a síndrome do piriforme.

Tanto parece com a ciática que às vezes é chamado de pseudociática (“falsa ciática”).

Causas

Forma primária – pode resultar de anomalias musculares com hipertrofia, de fibrose ou de alterações anatômicas (parciais ou totais) do nervo, dor miosfascial e miosite, entre várias outras causas.

Forma secundária – pode resultar, por exemplo, de hiperlordose, de traumatismos na região sacro-ilíaca e glútea (ex. prótese total do quadril), de pseudo-aneurismas da artéria glútea inferior, hematomas ou de esforço físico exagerado. Quando se apresenta em ambos os lados, pode estar relacionado com a imobilização prolongada, com flexão da coxa, no período pós-cirúrgico.

Sintomas

Seus sintomas são muito parecidos com ou praticamente indistinguíveis da dor ciática. O paciente pode sentir dor na coluna e na perna. Pode ter aumento da dor quando a coxa é movimentada para fora.

Diagnóstico

Como os sintomas são muito parecidos com os da dor lombar ou da dor ciática, para chegar a um diagnóstico, é fundamental levar em conta a história do paciente e o exame físico. Existe pouca informação na literatura (médica) sobre a síndrome do piriforme, em comparação com o que se sabe da hérnia de disco ou ciática, por exemplo, mas, há consenso sobre os achados clínicos que caracterizam a síndrome.

Exames com imagens como raio-X, tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética da coluna podem excluir a possibilidade de patologia vertebral/radiculopatia. O raio-X sozinho não consegue mostrar se o nervo está irritado na região do músculo piriforme.

Exame diagnóstico com ultrassonografia é capaz de mostrar a morfologia do músculo piriforme, e assim ajudar em detectar anormalidades, enquanto a termografia infravermelha pode indicar focos de inflamação.

Tratamento

O tratamento pode ser fisioterápico, com repouso, gelo, alongamento e massagem. Seu médico pode também receitar um antiinflamatório ou um relaxante muscular. É aconselhável interromper as atividades de correr ou caminhar e modificar as atividades. No caso de atletas, o retorno precoce às atividades pode agravar a lesão.

Procedimentos intervencionistas

Quando a dor é refratária, ou seja, continua mesmo após o tratamento conservador, a próxima indicação na escada analgésica é a técnica intervencionista de infiltração com anestésico local. Caso a dor retorne, pode ser utilizada a toxina botulínica no músculo piriforme.

Em último caso, pode requerer cirurgia minimamente invasiva, que consiste na ressecção do músculo piriforme ou do tendão para liberação do nervo.

Qual é o prognóstico?

Geralmente é bom. Uma vez que os sintomas da condição são tratados, a pessoa pode retomar suas atividades. Em alguns casos, seu programa de exercícios pode precisar de modificações para reduzir a possibilidade de recorrência ou piora.

Prevenção – pode se prevenir contra esta condição praticando esportes ou exercitando-se sem demandas excessivas sobre os glúteos.

 

* Professor Romário Messias: especializado em treinamento funcional. Formado em Educação Física e pos graduando em em Fisiologia do Exercício na Unesp/Bauru.
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