Em caso de frustração, 49% das crianças exigem ganhar o presente desejado em outra data; 6% dos pais disseram que vão atrasar contas para conseguir atender a vontade dos filhos no Natal
Com a crise econômica limitando os gastos do brasileiro neste Natal, os presentes mais modestos e as lembrancinhas devem ser os protagonistas deste fim de ano. Mas como explicar para as crianças as restrições financeiras da família? Um estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 53,8% dos pais admitem que seus filhos participam do processo de decisão das compras de presentes de Natal, seja em conjunto com os pais (40,5%) ou por decisão exclusiva das próprias crianças (13,3%).
Em 42,3% dos casos, os presentes são escolhidos unicamente pelos pais. A pesquisa revela ainda que entre as mães, é mais comum que a criança escolha sozinha o presente (18,4%, contra 8,6% dos homens), enquanto para os pais, a escolha compartilhada entre criança e adulto ganha espaço (48,4% dos homens contra 31,9% das mulheres).
"O 'não' como resposta precisa ser assimilado pelos filhos como algo natural na educação dentro de casa. O pai ou a mãe que satisfaz todas as vontades das crianças, sem levar em conta a realidade financeira da família, acaba desenvolvendo filhos sem limites, que vão acumular ao longo da vida diversas frustrações para lidar com situações negativas. Os pais que falam de maneira transparente e dão bons exemplos, conseguem criar adultos mais bem preparados, não apenas financeiramente, mas também para os desafios da vida". Explica o educador einanceiro do SPC Brasil José Vignoli.
O estudo do SPC Brasil também procurou saber o que acontece se o presente recebido não agradar o gosto do filho. De acordo com quase metade (49,1%) dos pais entrevistados, a frustração é compensada com a promessa de que a criança ganhará o presente desejado em outra ocasião. Em 34,2% dos casos, os filhos ficam tristes e frustrados, mas logo se esquecem do pedido ou não pedem outro presente no lugar. Há, no entanto, casos mais extremos: 0,9% dos pais ouvidos no levantamento relataram que, em situações assim, seus filhos geralmente choram, fazem birra e até chantageiam na esperança de ganhar o presente desejado.
“Muitas vezes os pais são movidos pelo sentimento de culpa, preferindo sacrificar suas finanças a ter de lidar com a frustração das crianças. Esse é um erro grave, pois o desequilíbrio no orçamento pode vir a afetar toda a família. O recomendável, portanto, é sempre comprar um presente de Natal que corresponde à realidade financeira da família”, diz Vignoli.
Para minimizar a frustração das crianças, os especialistas do SPC Brasil recomendam que os filhos façam uma lista de presentes com opções variadas de preços, tamanhos e marcas, dando ao pai ou a mãe a liberdade de escolher uma das opções sugeridas.
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